25.5.06

For Your Height Only - 1979


Algures nas Filipinas o Dr. Van Kohler, inventor da N-Bomb, a mais destrutiva arma jamais descoberta, é raptado pelos gangs liderados pelo Cobra e pelo Mr Kaiser, a mando do génio do mal e chefe supremo das organizações criminosas locais, Mr Giant.

Para o resgatar, qual outro senão o mais altamente treinado e respeitado agente secreto Filipino, Agent 00, especialista em artes marciais e galã irresistível, que, por um mero acaso, mede cerca de um metro de altura (é isso mesmo, 1 metro de altura = 3 ½ ft).

Este filme com origem e elenco das ilhas onde decorre a acção, protagonizado por Weng Weng, produzido por Liliw Productions e realizado por Eddie Nicart em 1979, foi e será sempre um grande mistério para mim...



Pese embora a nula qualidade dos actores, a ausência de cenários, a terrível dobragem para inglês, a repetitiva banda sonora, a por demais confusa e não poucas vezes inconsequente intriga, no fundo a deplorável qualidade geral do filme, eis uma obra que me intrigou e ainda hoje intriga como poucos filmes foram capazes de o fazer.

Isto porque tudo à partida parece indicar que nos deparamos com uma sátira desbragada aos filmes 007, no entanto, a candura e dedicação com que o protagonista (e o restante elenco, em geral) se dedicam à obra deixaram-me num limbo de entendimento, em que por mais que me questionasse, nunca consegui perceber quais a reais intenções por detrás desta singular criação... será que há algum propósito sério por detrás dela ?? Será que se pretendia fazer passar alguma mensagem ??...

...mas sempre terei que admitir que quando o herói de um filme de espionagem e acção é um minúsculo anão com cara de bebé e voz de papagaio, a possibilidade de tais intenções serem sérias ou de haver uma mensagem subjacente encontra-se irremediavelmente comprometida.

Ao filme!

O ritmo é excelente, sempre com novas e inesperadas situações e desenlaces, que muitas vezes nos deixam perdidos numa narrativa cheia de becos sem saída, sem continuidade lógica, mas não importa, porque não é pela qualidade do argumento que se decide ver este filme. Fica um bocadito aborrecido lá para o meio, a expensas da repetição de confrontos sempre idênticos com membros dos gangs, mas depois recupera o carácter surpresa e o passo acelerado em direcção ao confronto final entre o herói e o líder malvado, que é – garanto - um dos mais bizarros da história do cinema. A não perder: nunca viram nada assim e nunca mais o irão ver.


A aplicação da fórmula a la 007 é bastante boa, considerando todas as condicionantes já descritas.
Há arremessos de galã por parte do herói (que chega a vias de facto, umas vezes mais que outras, com pelo menos três damas), muitos stunts e efeitos “especiais”, muitos gadgets, muitas cenas de confronto físico directo, em que o kung-fu que 00 aplica ao traseiro, ao joelho e à virilha do oponente impera (é verdade, o que não falta é pontapé na virilha), etc. Há uma cena de luta numa discoteca (ou num bar de alterne, fiquei na dúvida) em que o Agente 00 e Irma, a sua parelha feminina, montam um circo de kung-fu fabulosamente coreografado.

Outros momentos altos incluem o protagonista a:
- Descer de uma roda gigante de feira em slide, iludindo os seus opositores;
- Livrar-se dos mesmos usando o seu chapéu de palhinha branco telecomandado;
- Saltar de muros com cerca de 3 vezes a sua altura;
- Saltar de um prédio usando um guarda chuva como pára-quedas;
- Saltar de uma ponte bastante alta para o rio, em baixo;
- Usar um foguete preso às costas como meio de transporte para o covil do seu inimigo;
- Usar o seu golpe mais característico, que consiste em ir a deslizar deitado pelo chão enquanto dispara (e desliza muito... tanto que não é difícil imaginar alguém da equipa a lançá-lo).

Estes stunts são tão mais impressionantes quanto não fui capaz de vislumbrar que quem os executasse fosse outro que não o protagonista (aliás, seria difícil arranjar qualquer duplo que conseguisse substitui-lo credivelmente), o que faz deste pequeno actor um com eles no sitio!


Em resumo: uma hora e meia divertida e intrigante, um filme único no seu género (que sendo único faz com que o seu género se resuma a ele próprio), que garante sem grandes dificuldades uma primeira parte de uma maratona de cinema, ao serão, com os amigos cinéfilos,deixando uma marca indelével no imaginário cinematográfico de todos a que ele assistam, mesmo dos mais cépticos.

17.5.06

GRINDHOUSE _ prefácio_ (adenda: EXPLOITATION [breves considerações sobre...])


"Filmes EXPLOITATION: Filmes produzidos com pouca ou nenhuma preocupação em termos de qualidade ou de mérito artístico, mas tendo em vista, outrossim, um lucro rápido, habitualmente através de uma grande pressão nas vendas e de técnicas de promoção baseadas na enfatização de um qualquer aspecto sensacionalista dos mesmos."
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Ephraim Katz, The International Film Encyclopedia (London: Macmillan, 1979)
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Os primeiros filmes deste (hoje considerado) género a ser inscritos na história do cinema remetem-nos aos anos 30 e 40 do séc. XX, sendo no entanto à época raros e geralmente incompreendidos.
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A sua produção massifica-se nos anos 60, como reacção ao conservadorismo que dominou a década anterior e parte dessa mesma, sendo simultaneamente consequência e alavanca da grande revolução de mentalidades que ocorreu nos EUA durante o final dos anos 60 até à segunda metade dos anos 70.
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A génese desta vaga concretizou-se num corte com um “código de conduta cinematográfica”, tácitamente aceite e estabelecido pelos grandes estúdios, referente aos valores (ou à ausência dos mesmos) cuja apresentação seria admissível no ecrã. Fazendo uso de um esquema de produção independente os pioneiros deste género lançam peliculas especialmente vanguardistas e originais no seu conteúdo, abusando de todos os temas e imagens que pudessem ser chocantes tendo em vista atrair os espectadores, tornando-se muito populares, designadamente entre os adolescentes e os jovens.
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Com o decorrer do tempo, a sempre poderosa industria do cinema americano (se bem que nesse tempo mais fraca), usando a sua tipíca filosofia de eliminar tudo o que com ela concorre através da absorção e inoculização, tratou de integrar nas suas produções aquilo que no exploitation atraía o público, designadamente o sexo e a violência gráficos, enquanto paralelamente lhe ia eliminando alguns extremos do seu agradável e característico “mau gosto”. Assim, os grandes estúdios arriscaram bastante nesta época, efectuando experiências na produção de filmes que não se vislumbra que alguma vez tenham a coragem de repetir.
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À medida que o descrito processo de absorção do Exploitation pelos grandes estúdios foi progredindo, os criadores independentes vão extremando o conteúdo dos seus trabalhos, por forma a poderem concorrer com aqueles.
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Com a estreia do filme Deep Throat (Garganta Funda) - uma fita para adúltos com um enredo sexual e uma razoável quantidade de cenas de sexo explícito - em Junho de 1972, desencadeia-se um fenómeno de perseguição à pornografia - que até era bastante suave quando comparada com a actual - que acaba por o publicitar pelos quatro cantos do mundo e de cujas batalhas legais tendo em vista a sua banição resulta um golpe fatal na censura. O filme torna-se graças a tudo isto um sucesso à escala planetária e a pornografia transforma-se num elemento de cultura popular, acessivel a todos e apreciada por toda a gente - nasce, para uma breve existência, o porno chic.
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Os grandes estúdios, se bem que sem nunca se meterem no campo da pornografia, haviam, por esta altura, integrado e mutado tudo o que tornava o Exploitation distinto e popular, vencendo a batalha contra este tipo de produção independente. A abordagem clássica da violência e do sexo são para sempre abandonadas pelos grandes estúdios, que adoptam eles também as técnicas de marketing deste género, conseguindo, coadjuvados pela nova onda de conservadorismo dos anos 80 e o advento do vídeo, apagar do consumo de massas, juntamente com as Grindhouses, os típicos filmes que lhes "incendiavam" os ecrãs... O que poucos hoje têm noção é que quando vão a um multiplex ver a última produção multimilionária blockbuster de mistério, crime ou horror, estão na realidade a vêr um decalque pouco arrojado e menos imaginativo daqueles que foram os filmes exploitation pioneiros.
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Hoje, o exploitation "original" assume a forma de um culto, cada vez mais crescente.
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15.5.06

GRINDHOUSE _ prefácio _ [breves considerações sobre...]


Grindhouse é um termo americano que designa uma sala de cinema onde são levadas a cabo projecções de filmes do género Exploitation; é um termo igualmente usado como adjectivo, para descrever o tipo de filmes que passavam nessas salas.
Embora o prato do dia das Grindhouses fossem películas que apresentavam sexo ou violência "a mais", impedindo a sua projecção numa sala normal, o termo tem uma conotação mais ligada ao cinema que se revelava inaceitável aos olhos da audiência mainstream: quer por ser brutalmente violento, ou por apresentar enredos bizarros ou perversos, etc. Assim, era frequente encontra-se aí, entre outros, filmes Chineses e Japoneses de baixo orçamento, designadamente de kung-fu e de samurais, comummente conhecidos por serem excepcionalmente sangrentos.

O termo Grind-House pode fazer também referência a um tipo de sala de cinema de baixo orçamento, comum nas cidades do interior americano entre os anos 50 e 80 do século 20 que, tendo sido Movie Palaces (Palácios do Cinema) durante o crescimento bombástico do cinema nos anos 30 e 40, entraram em acelerada deterioração nos anos 60, motivada pela falta de afluência de público.

Numa tentativa desesperada de atrair novas audiências, os responsáveis por tais salas optaram por “despejar” programas duplos e triplos de filmes série B, ao preço de um único bilhete. A partir da segunda metade dos anos 60 e durante toda a década de 70, os conteúdo das projecções apresentadas nas Grind-Houses incluíam, com elevada frequência, sexo explícito, violência e outros conteúdos considerados tabu.
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No final dos anos 70, uma grande parte das Grind-Houses eram exclusivamente pornográficas* e os inqualificáveis filmes Exploitation aí mostrados eram tema de discussão regular em fanzines especializadas.
*Pornográfico, na década de 70, não significava o mesmo que significa nos dias de hoje. Oportunamente discorreremos mais sobre este tema...

Por volta de 1980, o video começou a ameaçar tornar as Grind-Houses obsoletas. No final dessa mesma década, tais salas haviam desaparecido da 42nd Street em Nova York, da Broadway e do Hollywood Boulevard em Los Angeles e da Market Street em São Francisco, para nomear algumas das mais populares zonas de onde tipicamente aquelas se agregavam.
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Nos meados da década de 90, o Grindhouse (quer no seu significado substantivo, quer no seu significado adjectivo) havia sido completamente apagado da cultura de massas americana, passando a ser objecto de culto um pequeno grupo de fanáticos, cinéfilos, artistas e/ou curiosos (sendo Q. Tarantino, cujo imaginário cinemático se estrutura e desenvolve sobre esta fonte, talvez o mais conhecido e reconhecido de todos).
Nota do Pecador: Texto adaptado, quase literalmente copiado, da Wikipedia.

13.5.06

FASTER PUSSYCAT! KILL! KILL!

"Russ Meyer's ode to the violence in women!"
"Go-Go For a Wild Ride With the ACTION GIRLS!"


What else, for a grand opening?!

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Tura Satana - Varla Haji - Rosie Lori Williams - Billie

Writen, directed, edited & produced by Russ Meyer