22.6.06

HERSCHELL GORDON LEWIS – o “Padrinho do Gore”



Este norte-americano natural da Pensilvânia, com 77 anos de idade, é hoje em dia, e vem-no sendo desde meados dos anos 70, uma das mais respeitadas autoridades mundiais do Marketing directo e da publicidade, com mais de 15 livros editados internacionalmente.

No entanto, algumas pessoas conhecem-no melhor pelo seu papel de guru e pela sua ilustre carreira por entre os titãs do drive-in e do grindhouse.

Tendo-se limitado ao cargo de produtor no seu primeiro filme (The Prime Time – 1960), assume praticamente em todos os filmes em que posteriormente interveio o papel de realizador.
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Em 1961, com Living Venus (obra baseada na vida de Hugh Hefner e nos modestos inícios da Playboy) inicia a sua colaboração com o produtor David F. Friedman, colaboração essa que viria a tornar-se mítica.

Nos restantes primeiros anos dessa mesma década de 60, ambos concretizaram várias longas-metragens de características “sexualmente explorativas” (sexploitation), desde logo apresentando o cunho e a abordagem com que para sempre se relacionariam com o cinema, critério fundamental das suas obras: os filmes teriam como único objectivo o lucro, de preferência avultado.

Quando o mercado da nudez começa a perder vigor, Lewis e Friedman têm um papel preponderante ao serem os grandes pioneiros a penetrar o território inexplorado da violência explícita graficamente, do sangue a rodos, enfim, do gore, com o seminal Blood Feast (1963).
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Este filme alteraria para sempre os géneros, designadamente o de horror, revelando-se um imediato e estrondoso sucesso de bilheteiras que, em alguns drive-ins, chegou a permanecer em projecção durante mais de 20 anos, desbravando o carniceiro trilho que futuros filmes como Texas Chainsaw Massacre, Hallowen e Friday the 13th viriam a percorrer.
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Two Thousand Maniacs! (1964) e Color Me Blood Red (1965) foram as carnificinas que se seguiram, bem como os últimos filmes em que a dupla Lewis/Friedman colaborou entre si. Enquanto Friedman regressou à produção de sexploitation, Lewis seguiu o seu caminho sanguinário continuando a produzir filmes gore até 1972, ano em que lançou The Gore-Gore Girls.

Durante aquele período (65-72) o trabalho de Lewis foi beber a uma miríade de temas: delinquência juvenil (Just For The Hell Of It – 1968), troca de parceiros (Suburban Roulette – 1968), babes motoqueiras (She-Devils On Wheels - 1968), corrupção da indústria musical (Blast-Off Girls - 1967), controlo de natalidade (The Girl, The Body And The Pill - 1967), etc, sempre forçando aquilo que eram à altura os limites do decoro, do aceitável e do bom gosto (o grande John Waters assume declaradamente a sua admiração por H. G. Lewis e a inspiração que o seu trabalho lhe proporcionou).

E como numa personagem deste calibre não poderiam faltar os paradoxos, realizou ainda dois filmes para crianças (Jimmy The Boy Wonder – 1966 e The Magic Land of Mother Goose – 1967).

Para finalizar deixo algumas citações de H. G. Lewis, retiradas de entrevistas, que no seu pragmatismo acabam por dizer mais acerca do homem do que muito que se poderia ainda escrever:
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- Não considero que ter um filme classificado como bizarro seja um insulto. Se um crítico me oferece tal comentário eu agradeço-lhe por ele.

- Acho que o fascínio pelo sangue é algo profundamente intrínseco à mente humana e uma das vantagens desses filmes [de violência explícita/gore] é proporcionarem uma descarga passiva.

- Muitos consideram o “Laranja Mecânica” um filme pomposo e obscuro; eu não… e adoro a música de Beethoven.
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“- Suspeito de todos os realizadores que se vêm a si próprios como artistas e autores.

- Vejo o cinema como um negócio e tenho pena de qualquer um que o olhe como uma forma de arte, gastando dinheiro baseado nessa filosofia imatura.

- A arte está nos olhos de quem a vê.
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e um episódio:

Numa conferência sobre cinema, das muitas em que hoje ainda os veteranos Friedman e Lewis participam, um membro do público, na parte em que é permitido à audiência interpelar os oradores, questionou este último sobre se ele “se via a si próprio como um autor”. A resposta de Lewis foi lacónica:
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"-Mas você já viu algum dos meus filmes!?
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1 Comments:

Blogger Demonarch disse...

Os filmes do H.G. Lewis são realmente muito ruins. Na minha opinião, rivalizam com Ed Wood e Ted V Mikels.

7:07 da tarde  

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