6.6.07

Genial...

(Talvez seja melhor desligarem o media player amarelo do canto superior direito.)


28.4.07

Planet Terror + Death Proof = GRINDHOUSE

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"Diz que" depois dos resultados de bilheteira nos EUA se mostrarem aquém do esperado, a malta da produção (ou da distribuição, não sei...) terá decidido que deveriam ser separadas ambas as features que compunham este double bill, reeditadas como extended versions das "originais" e, sob essa forma simples, serem apresentadas ao público nos países onde futuramente estrearão, Portugal inclusive.
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"Diz que" por cá o do Rodriguez (Planet Terror) aparece lá para Junho e o do Tarantino (Death Proof) um par de meses depois.
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Eu o que digo é que não sei o que faça.
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Não me apetece ver esta versão em "capítulos" sem ver primeiro a versão conjunta e conforme ao critério criativo original. Pensei em mandar vir de fora, mal passe para vídeo, mas também não me apetece ver em DVD a double feature uma vez que este formato, outrora comum e popular, é uma experiência de CINEMA e não de Home Theater. O que eu gostava mesmo era ter $$$ suficiente para pegar na minha malta e dar um salto a New York para assistir à projecção do "original" no coração da 42nd Street. Teria que ser no AMC e não num típico Grindhouse Theater, mas pronto... do mal o menos...
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Mas, dado que não devo ir além das salas do Cidade do Porto, aceito sugestões - devidamente fundamentadas - sobre qual a melhor estratégia a definir por forma a não desperdiçar nenhuma migalha da experiência cinematográfica quase conceptual que estes dois realizadores, com esta obra, nos disponibilizam.
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Sim... que eu ainda não vi, mas já ouvi dizer que é excelente...

19.2.07

FANTAS 07

18.1.07

Quote:

"Eu acho fantástico que se consiga criar um filme engenhoso e entretenedor capaz de amealhar 100 milhões de dólares num dia, mas querer reduzir todo o cinema a isso é como limitar a industria farmacêutica à produção de tranquilizantes e viagra."

- Francis Ford Coppola

30.6.06

O Código de Produção, a 1ª Emenda e os criadores de Exploitation (1ªparte)

No início dos anos trinta do séc XX os escândalos empilhavam-se pelas colinas de Hollywood. Havia várias questões de natureza moral a ser levantadas contra muitas das principais e mais populares estrelas de cinema dessa era, entre as quais Charlie Chaplin, Clara Bow, Errol Flyn, Jean Harlow e Fatty Arbuckle, chegando algumas destas personalidades a ser levadas à barra dos Tribunais. Havia indecências para todos os gostos: sexuais, políticas, homicidas, etc.. E Hollywood começava a receber o impacto da resposta hostil perpetrada pelo seu público: a indústria do cinema era vista como moralmente falida, ateia, e, de uma forma mais genérica, como o tipo de malta com quem não se quereria partilhar um banco na igreja.

Tudo isso era basicamente verdade.

Mas essa era a época da proibição, sendo comum a possibilidade de controlar legalmente as questões morais. Por forma a escapar à eventualidade cada vez mais provável de ver os seus conteúdos ser objecto de censura à luz da lei, Hollywood faz a fuga para a frente e, por acordo dos grandes estúdios, começa a fazer auto-regulação da sua própria produção. Tal levou à criação do Código de Produção de 1934 (também conhecido como Código Hayes) pela Motion Pictures Producers and Distributors Association (actualmente chamada Motion Pictures Association of América), levando qualquer filme a ser lançado por um estúdio membro a passar pela fiscalização à luz de uma lista de merceeiro de bem feitoria moral.

O objectivo do Código de Produção era então o de garantir que o filme em causa não “baixasse/diminuísse os padrões morais” de quem ao mesmo assistia. Com tal meta presente, ficavam proibidas: profanidades, actos sexuais, paixões ostensivas, infidelidades matrimoniais, sugestões de fornicação, determinados actos criminosos, violência, etc.. Foi esta a era em que no cinema todos os quartos dos casais mostravam camas gémeas separadas e em que os actores e actrizes tinham sempre que manter pelo menos um dos pés no chão. Quer dizer, pelo menos era assim para os principais e maiores estúdios de cinema (que eram quase todos, não existindo grandes possibilidades de sobrevivência de estúdios independentes).

Ainda hoje seria assim, eventualmente, caso os grandes estúdios mantivessem o poder que à altura possuíam. Mas a realidade é que o perderam…
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Em meados dos anos 40, estando o chamado Studio System no auge, os grandes estúdios controlavam praticamente todos os aspectos da indústria americana do cinema. Para além das realizarem as habituais produções de elevado orçamento, realizavam também os filmes baratos para preencher as segundas partes das "apresentações duplas" – chamados “filmes B” ou filmes “série B”. Estes filmes eram projectados em salas da propriedade dos estúdios, pela América fora. As salas que não eram propriedade dos estúdios eram forçadas a assinar contratos de exclusividade, sendo essa a única forma de garantir que lhes eram disponibilizados grandes filmes, mais lucrativos, por esses estúdios.

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Esse Studio System fazia a vida muito difícil ao criador independente. Uma pessoa que conseguisse ultrapassar os obstáculos à produção de um filme, dificilmente conseguiria salas dispostas a projectá-lo. Sem ser projectado, o filme não dava o necessário retorno pecuniário. Para além de alguns poucos, velhos e tenazes estúdios – como os Monogram, os Republic e os United Artists (estes com o poder das estrelas que os integravam) – as companhias independentes estavam em vias de extinção.
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Até que, em 1949, o Supremo Tribunal americano decretou que os grandes estúdios se encontravam numa situação de monopólio, ao serem proprietários e controlarem ambas a produção e a exibição dos filmes. Esta decisão forçou os estúdios a desinvestir na propriedade e controlo das salas. Ao deixarem de poder ditar os filmes escolhidos para exibição, os estúdios alteraram a sua estratégia – uma vez em concorrência directa pelas exibições dos mesmos, os estúdios aumentaram a produção de filmes de elevado orçamento, desistindo dos “série B”.

Tal abandono abriu a porta ao criador independente. Uma das maiores vantagens de ser independente dos grandes estúdios era não estar limitado pelas premissas lavradas no Código de Produção de 1934. Eram dessa forma livres para fazer os filmes acerca do que quer que lhes apetecesse… ou que se atrevessem. Mas mesmo assim havia um risco envolvido, pois teriam ainda que ter em consideração a receptibilidade por parte do público e leis locais ou regionais de obscenidade a contornar.

Em 1952 também isso mudou. Mais uma vez, o Supremo Tribunal americano reconheceu legalmente o cinema como uma extensão da “liberdade de expressão”, protegendo-o de qualquer tipo de responsabilidade criminal ao abrigo da 1ª Emenda.

Nesse instante, as represas foram abertas e os criadores de filmes exploitation inundaram a América do cinema.
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- Adaptado de um artigo da autoria de Bob Bankard

22.6.06

HERSCHELL GORDON LEWIS – o “Padrinho do Gore”



Este norte-americano natural da Pensilvânia, com 77 anos de idade, é hoje em dia, e vem-no sendo desde meados dos anos 70, uma das mais respeitadas autoridades mundiais do Marketing directo e da publicidade, com mais de 15 livros editados internacionalmente.

No entanto, algumas pessoas conhecem-no melhor pelo seu papel de guru e pela sua ilustre carreira por entre os titãs do drive-in e do grindhouse.

Tendo-se limitado ao cargo de produtor no seu primeiro filme (The Prime Time – 1960), assume praticamente em todos os filmes em que posteriormente interveio o papel de realizador.
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Em 1961, com Living Venus (obra baseada na vida de Hugh Hefner e nos modestos inícios da Playboy) inicia a sua colaboração com o produtor David F. Friedman, colaboração essa que viria a tornar-se mítica.

Nos restantes primeiros anos dessa mesma década de 60, ambos concretizaram várias longas-metragens de características “sexualmente explorativas” (sexploitation), desde logo apresentando o cunho e a abordagem com que para sempre se relacionariam com o cinema, critério fundamental das suas obras: os filmes teriam como único objectivo o lucro, de preferência avultado.

Quando o mercado da nudez começa a perder vigor, Lewis e Friedman têm um papel preponderante ao serem os grandes pioneiros a penetrar o território inexplorado da violência explícita graficamente, do sangue a rodos, enfim, do gore, com o seminal Blood Feast (1963).
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Este filme alteraria para sempre os géneros, designadamente o de horror, revelando-se um imediato e estrondoso sucesso de bilheteiras que, em alguns drive-ins, chegou a permanecer em projecção durante mais de 20 anos, desbravando o carniceiro trilho que futuros filmes como Texas Chainsaw Massacre, Hallowen e Friday the 13th viriam a percorrer.
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Two Thousand Maniacs! (1964) e Color Me Blood Red (1965) foram as carnificinas que se seguiram, bem como os últimos filmes em que a dupla Lewis/Friedman colaborou entre si. Enquanto Friedman regressou à produção de sexploitation, Lewis seguiu o seu caminho sanguinário continuando a produzir filmes gore até 1972, ano em que lançou The Gore-Gore Girls.

Durante aquele período (65-72) o trabalho de Lewis foi beber a uma miríade de temas: delinquência juvenil (Just For The Hell Of It – 1968), troca de parceiros (Suburban Roulette – 1968), babes motoqueiras (She-Devils On Wheels - 1968), corrupção da indústria musical (Blast-Off Girls - 1967), controlo de natalidade (The Girl, The Body And The Pill - 1967), etc, sempre forçando aquilo que eram à altura os limites do decoro, do aceitável e do bom gosto (o grande John Waters assume declaradamente a sua admiração por H. G. Lewis e a inspiração que o seu trabalho lhe proporcionou).

E como numa personagem deste calibre não poderiam faltar os paradoxos, realizou ainda dois filmes para crianças (Jimmy The Boy Wonder – 1966 e The Magic Land of Mother Goose – 1967).

Para finalizar deixo algumas citações de H. G. Lewis, retiradas de entrevistas, que no seu pragmatismo acabam por dizer mais acerca do homem do que muito que se poderia ainda escrever:
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- Não considero que ter um filme classificado como bizarro seja um insulto. Se um crítico me oferece tal comentário eu agradeço-lhe por ele.

- Acho que o fascínio pelo sangue é algo profundamente intrínseco à mente humana e uma das vantagens desses filmes [de violência explícita/gore] é proporcionarem uma descarga passiva.

- Muitos consideram o “Laranja Mecânica” um filme pomposo e obscuro; eu não… e adoro a música de Beethoven.
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“- Suspeito de todos os realizadores que se vêm a si próprios como artistas e autores.

- Vejo o cinema como um negócio e tenho pena de qualquer um que o olhe como uma forma de arte, gastando dinheiro baseado nessa filosofia imatura.

- A arte está nos olhos de quem a vê.
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e um episódio:

Numa conferência sobre cinema, das muitas em que hoje ainda os veteranos Friedman e Lewis participam, um membro do público, na parte em que é permitido à audiência interpelar os oradores, questionou este último sobre se ele “se via a si próprio como um autor”. A resposta de Lewis foi lacónica:
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"-Mas você já viu algum dos meus filmes!?
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8.6.06

BLOOD FEAST - E a América pariu o Gore

Cumummente considerado o primeiro filme gore de sempre, teve a sua estreia em 1963 e foi realizado por Herschell Gordon Lewis como a 1ª parte de uma triologia de sangue, completada pelos 2000 Maniacs (a banda veio ao filme buscar o nome) e Colour Me Blood Red.
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Foi capaz de transformar o orçamento dispendido de 24.500 dólares numa facturação de 4.000.000 dólares só nos EUA (mais de 160 vezes o valor investido), o que só por si dá uma boa ideia do sucesso que atingiu.

Mas convém não sermos enganados… O filme é tecnicamente muito mau.
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Não tem enredo nem estória, apenas uma série de acontecimentos que tentam estabelecer uma linha narrativa tão complexa quanto uma conta de somar e cujo principal objectivo é, mais do que justificar as cenas de derramamento de sangue, preencher o espaço entre elas.

O derramamento de sangue, esse, é que é a verdadeira essência e interesse do filme. Captado com as cores (essas sim magníficas) que se tornariam imagem de marca do autor/realizador, o filme apresenta uma sequência de cenas de violência graficamente explícita, algo que nunca antes havia sido visto no cinema e que incluía, entre outros sadismos, membros a serem amputados, cérebros e línguas a serem arrancados, etc, tudo bem regado com muito, muito sangue, bem encarnado.
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Por tal, este filme tornou-se um marco incontornável na história do cinema, tendo representado para a exibição da violência aquilo que mais tarde o Garganta Funda representou para o sexo, implicando o seu banimento na RFA e no Reino Unido (neste até 2001) e a actual classificação para maiores de 18 anos que lhe está associada num grande número de países.

A partir deste ponto nunca mais o cinema foi o mesmo: as agressões e o consequente sangue começaram a ver-se mais, principalmente em géneros como o de horror/terror, que até aí eram modestos no seu uso, preferindo a sugestão à exibição. Hoje em dia, a violência gráfica e o sangue fazem parte integrante de um vasto tipo de filmes, designadamente os blockbusters de acção.
Assim, o uso de imagens explícitas de violência é actualmente apenas uma ferramenta entre outras na construção de um filme, sendo o seu bom uso aceite como normal ou até essencial, permitindo a criação de cenas de grande intensidade e/ou divertimento.

E tirando isso?
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Tirando isso não resta grande coisa… Foi filmado em 9 (nove) dias e os actores são todos eles carentes do mínimo de credibilidade exigível e de quaisquer dotes interpretativos. Um deles, Scott Hall que faz o papel do polícia William Kerwin, era apresentador de circo e foi convencido pelo produtor David Friedman a aceitar esse papel na falta do actor previamente escolhido, poucos dias antes do início da rodagem. Verificando-se incapaz de interpretar e decorar deixas passa o filme a ler da palma da mão e a gritar bem alto (conforme foi instruído pelo produtor, que lhe terá dito que se não sabia representar, que gritasse).
A banda sonora, da inteira responsabilidade do realizador é lamentável; a câmara está quase permanentemente fixa, bem como os actores que deslocam tanto quanto peças de mobiliário pregadas ao chão; os cenários são paupérrimos...
...mas por isto mesmo é que o filme é tão singular, tão divertido e tão leve - em suma, tão entretenedor.
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A estória, bem… da estória já foi dito qualquer coisa, mas resta acrescentar que no filme a personagem principal é um caterer de origem egípcia que (ab)usa (de) uma encomenda para fornecer a paparoca para uma festa por forma a levar a cabo um ritual dedicado a uma deusa de nome Ishtar, tendo em vista ressuscitá-la.
Para tal necessita de carne de jovens mulheres, que começam a aparecer pela cidade assassinadas e sem partes do corpo. A polícia é chamada a intervir mas não consegue nem sequer aproximar-se do assassino. Entretanto a data para a festa e o associado ritual ocultista aproximam-se…
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Conclusão:

Este filme poderia ser, atento o conjunto das suas características, uma homenagem/paródia sanguinária ao trabalho do Ed. Wood Jr.… mas não é…

É sim um ligeiro e despretensioso pedaço de história de cinema, que proporciona quer ao apreciador, quer ao curioso interessado, um pouco mais de uma hora de diversão em que a ausência de qualidade geral é directamente proporcional à grandeza da relevância histórica.

1.6.06

A juvenilização da cultura americana: Drive-In's & Rock n' Roll

Existe por parte de algumas franjas da música popular, designadamente de alguns subgéneros do Rock n’ Roll de tradição blues, e dos seus apreciadores, uma fascinação pela iconografia típica do cinema que classicamente está associado às Grindhouses – nomeadamente de horror e exploitation – bem como uma recorrente citação de tais formatos cinematográficos.


Nos anos 50 a 60, os EUA eram um país de adolescentes, legado da 2ª Grande Guerra e da geração dos “Baby Boomers”. O número de jovens da classe etária dos 12 aos 18 anos era tão significativo que levou os especialistas a definir o conceito até então ignorado de Teenager, bem como a sociedade em geral a modificar-se no sentido de se adaptar a esta nova realidade demográfica.
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A Bomba Atómica, comummente considerada a realidade mais importante do séc. 20, tinha lançado sementes de mudança em todas as dimensões do quotidiano social americano. Do desenvolvimento científico que marginou a construção desta arma nasceu toda uma nova gama de materiais e soluções de engenharia que foram rapidamente transformados em novos objectos que, por sua vez, vieram catalizar de forma acelerante as necessidades de consumo dos cidadãos. Por outro lado, a detonação da mesma e a consciência colectiva do seu poder de destruição originaram um sentimento global de fragilidade da condição humana que favoreceu a implantação de uma mentalidade individualista e, acima de tudo, imediatista.
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Os espíritos mais livres do negócio da música e do cinema desde cedo souberam aproveitar todas estas alterações sociais, tendo posteriormente sido seguidos pelas poderosas instituições industriais das mesmas áreas.
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Sendo estes dois tipos de espectáculos muito queridos do novo e numeroso mercado adolescente, a oferta “deformou-se” de modo a adaptar-se a este novo público.
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Assim, fruto da adaptação dos operadores destes mercados às necessidades de consumo dos adolescentes, foi por esta altura que se tornaram populares dois fenómenos da cultura do séc. XX: o Rock n’ Roll e o Drive-In (nos Drive- In’s eram projectados os mesmos tipos de filmes que noutros locais e/ou mais tarde eram apresentados nas Grindhouses).
Ambas as artes se alimentaram reciprocamente, quer através da produção de filmes relacionados com temáticas Rock n’ Roll (filmes de gangs juvenis, de Hot-Rods, etc), quer através da promoção de estrelas Rock através do uso do grande ecrã (é o caso do Elvis, por exemplo).

Hoje em dia, os pais do Rock n’ Roll morreram e os Drive-Ins deram lugar aos multiplexes, mas restam ainda algumas bandas, descendentes daquele género musical, cuja iconografia é a do revivalismo dos anos 50 e 60 e cujo imaginário é o dos filmes clássicos de série-B (julgo que o melhor exemplo são os fabulosos The Cramps, que fazem um contínuo permanente discurso artístico de citação dos clássicos exploitation, seja no título dos álbuns, nos nomes das músicas, nas temáticas das letras ou nos vídeo-clips).

Por outro lado, ainda há realizadores que nos nossos dias, com enorme mestria, usam o Rock n’ Roll para colorir os seus filmes de tradição exploitation (é o caso do Tarantino – porque será que é sempre tão fácil dar este gajo como exemplo? – com a música do Dick Dale no Pulp Fiction ou do Alex de La Iglesia com a música dos Southern Culture on the Skids no Perdita Durango).

25.5.06

For Your Height Only - 1979


Algures nas Filipinas o Dr. Van Kohler, inventor da N-Bomb, a mais destrutiva arma jamais descoberta, é raptado pelos gangs liderados pelo Cobra e pelo Mr Kaiser, a mando do génio do mal e chefe supremo das organizações criminosas locais, Mr Giant.

Para o resgatar, qual outro senão o mais altamente treinado e respeitado agente secreto Filipino, Agent 00, especialista em artes marciais e galã irresistível, que, por um mero acaso, mede cerca de um metro de altura (é isso mesmo, 1 metro de altura = 3 ½ ft).

Este filme com origem e elenco das ilhas onde decorre a acção, protagonizado por Weng Weng, produzido por Liliw Productions e realizado por Eddie Nicart em 1979, foi e será sempre um grande mistério para mim...



Pese embora a nula qualidade dos actores, a ausência de cenários, a terrível dobragem para inglês, a repetitiva banda sonora, a por demais confusa e não poucas vezes inconsequente intriga, no fundo a deplorável qualidade geral do filme, eis uma obra que me intrigou e ainda hoje intriga como poucos filmes foram capazes de o fazer.

Isto porque tudo à partida parece indicar que nos deparamos com uma sátira desbragada aos filmes 007, no entanto, a candura e dedicação com que o protagonista (e o restante elenco, em geral) se dedicam à obra deixaram-me num limbo de entendimento, em que por mais que me questionasse, nunca consegui perceber quais a reais intenções por detrás desta singular criação... será que há algum propósito sério por detrás dela ?? Será que se pretendia fazer passar alguma mensagem ??...

...mas sempre terei que admitir que quando o herói de um filme de espionagem e acção é um minúsculo anão com cara de bebé e voz de papagaio, a possibilidade de tais intenções serem sérias ou de haver uma mensagem subjacente encontra-se irremediavelmente comprometida.

Ao filme!

O ritmo é excelente, sempre com novas e inesperadas situações e desenlaces, que muitas vezes nos deixam perdidos numa narrativa cheia de becos sem saída, sem continuidade lógica, mas não importa, porque não é pela qualidade do argumento que se decide ver este filme. Fica um bocadito aborrecido lá para o meio, a expensas da repetição de confrontos sempre idênticos com membros dos gangs, mas depois recupera o carácter surpresa e o passo acelerado em direcção ao confronto final entre o herói e o líder malvado, que é – garanto - um dos mais bizarros da história do cinema. A não perder: nunca viram nada assim e nunca mais o irão ver.


A aplicação da fórmula a la 007 é bastante boa, considerando todas as condicionantes já descritas.
Há arremessos de galã por parte do herói (que chega a vias de facto, umas vezes mais que outras, com pelo menos três damas), muitos stunts e efeitos “especiais”, muitos gadgets, muitas cenas de confronto físico directo, em que o kung-fu que 00 aplica ao traseiro, ao joelho e à virilha do oponente impera (é verdade, o que não falta é pontapé na virilha), etc. Há uma cena de luta numa discoteca (ou num bar de alterne, fiquei na dúvida) em que o Agente 00 e Irma, a sua parelha feminina, montam um circo de kung-fu fabulosamente coreografado.

Outros momentos altos incluem o protagonista a:
- Descer de uma roda gigante de feira em slide, iludindo os seus opositores;
- Livrar-se dos mesmos usando o seu chapéu de palhinha branco telecomandado;
- Saltar de muros com cerca de 3 vezes a sua altura;
- Saltar de um prédio usando um guarda chuva como pára-quedas;
- Saltar de uma ponte bastante alta para o rio, em baixo;
- Usar um foguete preso às costas como meio de transporte para o covil do seu inimigo;
- Usar o seu golpe mais característico, que consiste em ir a deslizar deitado pelo chão enquanto dispara (e desliza muito... tanto que não é difícil imaginar alguém da equipa a lançá-lo).

Estes stunts são tão mais impressionantes quanto não fui capaz de vislumbrar que quem os executasse fosse outro que não o protagonista (aliás, seria difícil arranjar qualquer duplo que conseguisse substitui-lo credivelmente), o que faz deste pequeno actor um com eles no sitio!


Em resumo: uma hora e meia divertida e intrigante, um filme único no seu género (que sendo único faz com que o seu género se resuma a ele próprio), que garante sem grandes dificuldades uma primeira parte de uma maratona de cinema, ao serão, com os amigos cinéfilos,deixando uma marca indelével no imaginário cinematográfico de todos a que ele assistam, mesmo dos mais cépticos.

17.5.06

GRINDHOUSE _ prefácio_ (adenda: EXPLOITATION [breves considerações sobre...])


"Filmes EXPLOITATION: Filmes produzidos com pouca ou nenhuma preocupação em termos de qualidade ou de mérito artístico, mas tendo em vista, outrossim, um lucro rápido, habitualmente através de uma grande pressão nas vendas e de técnicas de promoção baseadas na enfatização de um qualquer aspecto sensacionalista dos mesmos."
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Ephraim Katz, The International Film Encyclopedia (London: Macmillan, 1979)
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Os primeiros filmes deste (hoje considerado) género a ser inscritos na história do cinema remetem-nos aos anos 30 e 40 do séc. XX, sendo no entanto à época raros e geralmente incompreendidos.
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A sua produção massifica-se nos anos 60, como reacção ao conservadorismo que dominou a década anterior e parte dessa mesma, sendo simultaneamente consequência e alavanca da grande revolução de mentalidades que ocorreu nos EUA durante o final dos anos 60 até à segunda metade dos anos 70.
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A génese desta vaga concretizou-se num corte com um “código de conduta cinematográfica”, tácitamente aceite e estabelecido pelos grandes estúdios, referente aos valores (ou à ausência dos mesmos) cuja apresentação seria admissível no ecrã. Fazendo uso de um esquema de produção independente os pioneiros deste género lançam peliculas especialmente vanguardistas e originais no seu conteúdo, abusando de todos os temas e imagens que pudessem ser chocantes tendo em vista atrair os espectadores, tornando-se muito populares, designadamente entre os adolescentes e os jovens.
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Com o decorrer do tempo, a sempre poderosa industria do cinema americano (se bem que nesse tempo mais fraca), usando a sua tipíca filosofia de eliminar tudo o que com ela concorre através da absorção e inoculização, tratou de integrar nas suas produções aquilo que no exploitation atraía o público, designadamente o sexo e a violência gráficos, enquanto paralelamente lhe ia eliminando alguns extremos do seu agradável e característico “mau gosto”. Assim, os grandes estúdios arriscaram bastante nesta época, efectuando experiências na produção de filmes que não se vislumbra que alguma vez tenham a coragem de repetir.
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À medida que o descrito processo de absorção do Exploitation pelos grandes estúdios foi progredindo, os criadores independentes vão extremando o conteúdo dos seus trabalhos, por forma a poderem concorrer com aqueles.
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Com a estreia do filme Deep Throat (Garganta Funda) - uma fita para adúltos com um enredo sexual e uma razoável quantidade de cenas de sexo explícito - em Junho de 1972, desencadeia-se um fenómeno de perseguição à pornografia - que até era bastante suave quando comparada com a actual - que acaba por o publicitar pelos quatro cantos do mundo e de cujas batalhas legais tendo em vista a sua banição resulta um golpe fatal na censura. O filme torna-se graças a tudo isto um sucesso à escala planetária e a pornografia transforma-se num elemento de cultura popular, acessivel a todos e apreciada por toda a gente - nasce, para uma breve existência, o porno chic.
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Os grandes estúdios, se bem que sem nunca se meterem no campo da pornografia, haviam, por esta altura, integrado e mutado tudo o que tornava o Exploitation distinto e popular, vencendo a batalha contra este tipo de produção independente. A abordagem clássica da violência e do sexo são para sempre abandonadas pelos grandes estúdios, que adoptam eles também as técnicas de marketing deste género, conseguindo, coadjuvados pela nova onda de conservadorismo dos anos 80 e o advento do vídeo, apagar do consumo de massas, juntamente com as Grindhouses, os típicos filmes que lhes "incendiavam" os ecrãs... O que poucos hoje têm noção é que quando vão a um multiplex ver a última produção multimilionária blockbuster de mistério, crime ou horror, estão na realidade a vêr um decalque pouco arrojado e menos imaginativo daqueles que foram os filmes exploitation pioneiros.
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Hoje, o exploitation "original" assume a forma de um culto, cada vez mais crescente.
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15.5.06

GRINDHOUSE _ prefácio _ [breves considerações sobre...]


Grindhouse é um termo americano que designa uma sala de cinema onde são levadas a cabo projecções de filmes do género Exploitation; é um termo igualmente usado como adjectivo, para descrever o tipo de filmes que passavam nessas salas.
Embora o prato do dia das Grindhouses fossem películas que apresentavam sexo ou violência "a mais", impedindo a sua projecção numa sala normal, o termo tem uma conotação mais ligada ao cinema que se revelava inaceitável aos olhos da audiência mainstream: quer por ser brutalmente violento, ou por apresentar enredos bizarros ou perversos, etc. Assim, era frequente encontra-se aí, entre outros, filmes Chineses e Japoneses de baixo orçamento, designadamente de kung-fu e de samurais, comummente conhecidos por serem excepcionalmente sangrentos.

O termo Grind-House pode fazer também referência a um tipo de sala de cinema de baixo orçamento, comum nas cidades do interior americano entre os anos 50 e 80 do século 20 que, tendo sido Movie Palaces (Palácios do Cinema) durante o crescimento bombástico do cinema nos anos 30 e 40, entraram em acelerada deterioração nos anos 60, motivada pela falta de afluência de público.

Numa tentativa desesperada de atrair novas audiências, os responsáveis por tais salas optaram por “despejar” programas duplos e triplos de filmes série B, ao preço de um único bilhete. A partir da segunda metade dos anos 60 e durante toda a década de 70, os conteúdo das projecções apresentadas nas Grind-Houses incluíam, com elevada frequência, sexo explícito, violência e outros conteúdos considerados tabu.
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No final dos anos 70, uma grande parte das Grind-Houses eram exclusivamente pornográficas* e os inqualificáveis filmes Exploitation aí mostrados eram tema de discussão regular em fanzines especializadas.
*Pornográfico, na década de 70, não significava o mesmo que significa nos dias de hoje. Oportunamente discorreremos mais sobre este tema...

Por volta de 1980, o video começou a ameaçar tornar as Grind-Houses obsoletas. No final dessa mesma década, tais salas haviam desaparecido da 42nd Street em Nova York, da Broadway e do Hollywood Boulevard em Los Angeles e da Market Street em São Francisco, para nomear algumas das mais populares zonas de onde tipicamente aquelas se agregavam.
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Nos meados da década de 90, o Grindhouse (quer no seu significado substantivo, quer no seu significado adjectivo) havia sido completamente apagado da cultura de massas americana, passando a ser objecto de culto um pequeno grupo de fanáticos, cinéfilos, artistas e/ou curiosos (sendo Q. Tarantino, cujo imaginário cinemático se estrutura e desenvolve sobre esta fonte, talvez o mais conhecido e reconhecido de todos).
Nota do Pecador: Texto adaptado, quase literalmente copiado, da Wikipedia.

13.5.06

FASTER PUSSYCAT! KILL! KILL!

"Russ Meyer's ode to the violence in women!"
"Go-Go For a Wild Ride With the ACTION GIRLS!"


What else, for a grand opening?!

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Tura Satana - Varla Haji - Rosie Lori Williams - Billie

Writen, directed, edited & produced by Russ Meyer